Por Humberto de Luna Freire Filho
A capa da revista Veja desta semana (edição 2491-17/08/16) não passa de uma imoralidade. Não é um bom técnico em computação gráfica que vai fazer o Brasil surpreender o mundo. Segundo a revista, a Olimpíada do Rio colocou a cidade e o país no centro da atenção planetária, e mais, fez os gringos descobrirem o real significado das profecias “DESASTRÓFICAS”. Ora, um bom profissional da computação gráfica, criador de imagens virtuais, 3 D, será capaz de por cosmonautas brasileiros em Marte, ou navegando nos anéis de Saturno, ou ainda construindo uma chácara em Ganimedes, lua de Júpiter.
Mas vamos para os fatos reais – militar da Força Nacional de Segurança tem o crânio esfacelado por bala disparada por bandidos; delegação chinesa deitada no chão para não receber uma azeitona quente como presente de boas vindas; ministro de Estado (português) sendo assaltado em plena orla da cidade maravilhosa; casal carioca que por descuido entrou em uma rua considerada território de bandidos (sim, no país, bandidos e índios têm seus territórios) são ambos fuzilados; a água das piscinas são azuis em todo o mundo, no Brasil é verde; duas delegações, Austrália e EUA, tiveram que arcar com custos em hotéis por impossibilidade de ocuparem suas respectivas vilas; a canoagem na baía da Guanabara vai singrar por mares repletos de garrafas pet e absorventes femininos.
Essa é a realidade que a revista Veja não “vê”, e ainda chama o pós festa, quando vamos pagar a conta da roubalheira, de profecias desastróficas? Não é profecia, é a realidade de um país governado há 13 anos por uma quadrilha que aparelhou o Estado, destruiu as empresas estatais, e agora está comprando a imprensa. Sou assinante da referida revista há 15 anos, mas a primeira coisa que vou fazer na segunda-feira é cancelar minha assinatura. Não aceito ser chamado de idiota. Desde o afastamento de Rodrigo Constantino, de Joice Hasselmann e de Marco Antônio Villa, eu pus as barbas de molho e aproveito a ocasião para dizer ao navegante Reinaldo Azevedo, se é que ele ainda não percebeu – Você será a bola da vez.
PS – Texto enviado à revista Veja.
Humberto de Luna Freire Filho, médico